sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

“Deixe que os mortos enterrem seus mortos”

Cristo disse esta frase para deixar claro que aquele que não crê, está morto. O discípulo aceitou seu convite para segui-lo, mas pediu para que o Mestre o deixasse primeiro enterrar seu pai. “Deixe que os mortos enterrem seus mortos”, respondeu-lhe Jesus, dando a entender que a família dele estava longe dos planos de Deus. Eram todos considerados “mortos”.
É horrível quando alguém que possui certo conhecimento religioso e quer evangelizar a partir da própria família, mas não consegue. É ai que a gente sente a força da expressão popular de que “santo do lugar não faz milagre”. Acho injusto fazer um trabalho de conversão lá fora e deixar para trás a própria família. Além do mais penso que, se cada chefe de família evangelizasse sua casa, o mundo inteiro seria convertido e deixaria de ser para Deus, “mortos enterrando mortos”.
Observando as pessoas de minha casa, do meu trabalho, da minha rua, da minha cidade, meus parentes e amigos, percebo o quanto precisam desenvolver a espiritualidade. Basta olhar a situação do mundo para perceber o quanto a humanidade precisa da conversão, do Evangelho, de amor e da fé. Os missionários têm muito pouco tempo para fazer o seu trabalho e ressuscitar mortos, pois pelo jeito muitos se enquadram na referência de Cristo, estão mortos pela descrença e assim poderão não herdar a vida eterna. O tempo está se esgotando. Quem tem sensibilidade percebe estas coisas pelos sinais dos tempos. É preciso fazer mais, muito mais, pois o inimigo vem ganhando terreno, desmantelando lares, fazendo órfãos, enchendo as prisões e aterrorizando o mundo. Os mais jovens, que chegaram agora, pensam que o mundo sempre foi deste jeito, se acostumaram com esta situação e acham tudo muito bom.
Muitos chefes de família se preocupam em investir com prioridade em recursos financeiros para o bem estar de todos e deixar uma herança de bens materiais para seus filhos e com razão, pois a dependência do dinheiro é cada vez maior, mas se apegam tanto que se esquecem que a maior herança é aquela que podemos levar desta vida para a outra, como a sabedoria, o amor, a caridade, a fé, a religiosidade e enfim, todos os bens espirituais que enobrecem a alma e nos ressuscita desta situação de “mortos enterrando mortos”. De nada adianta preocupar só com o futuro financeiro da família e deixá-la mergulhar na decadência moral.
O imprevisível nos assusta e já não sabemos se vamos e voltamos ilesos. Tudo nos parece caótico e incerto. Muita gente de bem está empenhada na missão evangelizadora, mas na outra extremidade estão aqueles em que seus corações ainda resistem aos ensinamentos religiosos que nortearam nossos antepassados. Os fiéis quase não têm correspondido às promoções religiosas das suas igrejas. Predomina em todos os lugares a troca da religiosidade pelos prazeres materiais. E os jovens se embriagam nos bares, viciam nas drogas, nos jogos, se alegram em festas esquecidos de que também foi assim na véspera da primeira grande catástrofe do mundo, o dilúvio universal. Enquanto isso, o futuro é sombrio pelo aquecimento global, mas é o momento que interessa. Por isso um padre estrangeiro pediu para que os fiéis fizessem uma experiência de refletir sobre a vida, deitados dentro de um túmulo no cemitério, para sentir uma realidade que estava muito longe da sensibilidade de cada um. Também é durante o velório de um amigo que muitos refletem sobre a maior certeza da vida e acordam por alguns instantes, para uma realidade que sempre esteve no esquecimento.
Vai ficando no esquecimento a devoção espiritual que muitos pais deixam de ensinar a seus filhos porque também, muitas vezes, eles próprios não aprenderam. Os missionários encontram barreiras naqueles contaminados pelo mundo pagão lá fora, onde corações continuam fechados e endurecidos para com as verdades eternas. Daí o motivo pelo qual surgem o terror e a prisão domiciliar que vivemos dentro de nossas casas pelo medo do imprevisível, da bala perdida... Em conseqüência disto, crescem os muros ao redor de nossas casas, cresce a desigualdade, o preconceito, o ódio, o fanatismo, a bandidagem e os escândalos neste mundo de “mortos que enterram seus mortos”. O deus deste século tem sido a máquina, a internet, o computador, o celular, o mundo digital...
Oh! máquinas: orai por nós...

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